Cacao nativo - o guardião da floresta

Das histórias que o cacau seduziu rainhas e nobres mundo afora com sua bebida de sabor incomparável, todos já ouviram um pouco.

Agora é hora de descobrir que o cacau também está na lista de espécies que salvou grandes áreas da Amazônia porque valia ouro numa época onde derrubar e extrair eram sinais de progresso. Naquela época, para cultivá-lo era preciso manter a floresta ao máximo preservada, já que por aqui a fruta valiosa só crescia sob a sombra das grandes árvores. As tecnologias de sua monocultura ainda estavam longe de aparecer e quando apareceram não escolheram a região amazônica para se estabelecer. 

É como a floresta que o escritor Eduardo Galeano sonhou que virasse um banco para que finalmente fosse salva.

Ao contrário de outros tempos, hoje usamos 100% da fruta, e de forma muito mais responsável durante todo o processo. É assim que o cacau volta a ter peso de ouro e ares de protetor da floresta em parceria com outras espécies amazônicas e produtores e consumidores com outra consciência, muito mais atentos ao que diz a mata. O cacau amazônico é nativo e é agrofloresta pura. 

Da polpa branca se tira suco, geléia, destilados finos, vinho, vinagre, xaropes para confeito, sorvetes, doces e tanto mais. A casca, além de produzir biogás e biofertilizante, é usada in natura ou na forma de farinha na alimentação de criações diversas, desde bovinos até peixes.

Em 1500 se usava semente de cacau como moeda e o historiador Pietro Martire D’Anghiera escreveu sobre ele “Abençoado dinheiro… protegendo os seus possuidores contra a infernal peste da cobiça, pois não pode ser acumulado muito tempo nem escondido nos subterrâneos”.

Mais de 500 anos depois, a riqueza do cacau ainda nos salva, e o cacaueiro ensina isso de olhar e perceber o verdadeiro sentido de riqueza. 

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