Açaí (Euterpe oleracea)

A mais magra das palmeiras tem sangue grosso, cantou o poeta Nilson Chaves.

O que agora ganhou adjetivos de superfruit, com análises químicas, testes e comprovações dos homens das ciências é milagre na vida dos povos da floresta há muito tempo.

É expressão de generosidade de uma natureza que convida seus habitantes a escalar e colher suas frutas de cor púrpura, que gostam de nascer em solos de beira de rio. Elas vão rolando da palma da mão para os cestos, depois são amolecidas em banho morno para serem batidas e se tornarem uma das mais ricas polpas da Amazônia. E mesmo em tempos mais difíceis, foi no açaí que muito se salvaram.

Quando culturas de convívio com floresta se perderam durante as tentativas de dizimação das culturas locais, o açaí foi quem que deu tudo a quem tinha nada.

No segundo semestre do ano é que chegamos à alta temporada desse ingrediente principal de muitas refeições do Norte do Brasil e que agora a tecnologia consegue conservar por mais tempo mantendo suas propriedades, permitindo assim que nosso precioso fruto ganhe o mundo em outras épocas do ano e vire novas receitas nas mãos de outras culturas, nutrindo povos e regiões distantes da nossa floresta.

Fazer viajar o açaí é levar a história do encontro dessa magra palmeira com os povos da floresta para um mundo que precisa reaprender a consumir, valorizando quem produz e buscando quem respeite a floresta de pé.

Eduardo, peconehiro no Tauerá-açu